sexta-feira, 21 de junho de 2013

VOX POPULI, VOX DEI


A expressão, de origem latina, representa o conhecido ditado comumente utilizado por grande parte das pessoas. “A voz do povo é a voz de Deus”. Bom, se tudo que a massa falasse representasse a vontade da divindade, ficaria difícil entender de que lado ela estaria. De certo (ao menos no estudo teológico), a voz de Deus é representada pelas Escrituras, ou seja, a Bíblia Sagrada. Mas não é essa a finalidade do texto, discutir Teologia. O que pretendemos é ouvir e entender a voz que está ecoando pelos quatro cantos do Brasil por meio das grandes mobilizações ocorridas em diversas cidades nos últimos dias. É fato que algumas dessas manifestações se tornaram uma verdadeira farândula com baderneiros e arruaceiros gritando palavras de ordem, quando não passam de vândalos, anarquistas. Mas eu ouço uma voz... e a voz que ouço não ecoa nos telejornais. Não é a politicamente correta das autoridades elogiando o movimento, mas, se roendo de raiva por dentro. Aqui pra nós, Sérgio Cabral, Addad, Dilma e outros parabenizando a juventude pela iniciativa de denunciá-los ao mundo inteiro? Só podem estar de brincadeira. Se pudessem e não gerasse repercussão internacional em plena Copa das Confederações, mandariam a tropa de choque descer porrada em tudo mundo, e olhe lá se ficaria apenas nisso. A voz que ouço não é a da Rede Globo, que a princípio denegria a mobilização, mas que, com medo de represália, se fez amiguinha do mesmo. A emissora, não tendo mais o que inventar, atrelou um caráter de luta contra a homofobia ao movimento. Tudo bem que outras frentes estão se mobilizando nesse sentido, mas somente a Globo pra destacar esse tema e colocá-lo como bandeira aditiva nessas manifestações. A voz que ecoa para mim, não é a de alguns que por receio de irem às ruas ficam escrevendo em seus escritórios climatizados textos que tentam limitar a causa a um reajuste de 20 centavos nas passagens de ônibus de São Paulo. Na verdade, se fosse causa de ordem financeira, a reclamação se daria pelos quase 750 bilhões que já foram arrecadados de impostos somente esse ano (http://www.impostometro.com.br/). Ou quem sabe ainda pelo montante de 1 trilhão e 500 milhões de reais arrecadados em 2012. E com tanto imposto, pergunto: A educação pública avançou? A segurança nas ruas melhorou? Os HGE’s atendem satisfatoriamente a população? Claro que não, né!?! Como diria o sábio e filósofo Ronaldo Fenômeno, “Copa não se faz com hospital”. Esses míseros 20 centavos representaram o protesto contra o salário exorbitante, por exemplo, de vereadores e de deputados em nosso país. A propósito, seria interessante que os caros legisladores passassem a ganhar por produção. Isso mesmo, se cada projeto criado (não apenas aprovado) e cada denúncia apurada valessem, por exemplo, 100 reais. Pronto, acredito que assim a coisa ficaria mais justa.

A voz que ouço nesses protestos é a voz de Martin Luter King quando dizia: O que me preocupa não é o grito dos maus. É o silêncio dos bons.

Ouço a voz de Paulo Freire quando afirmava que seu sonho era ver o protesto nas ruas dos sem terra, sem educação, sem saúde e sem tudo aquilo que o Estado lhe furta.

A voz que ouço contraria a de uma porção de educadores (ou professores mesmo) que ao ter seus direitos renegados simplesmente dizem: “É assim mesmo, se falar é pior, melhor se contentar com pouco do que com nada”. Paulo Freire costumava dizer que “Nada é assim mesmo. Tudo e passivo a ser modificado”. Mas não foi assim que fomos educados? Menino, cale a boca! (em casa, na escola, na igreja, etc). Assim crescemos, de boca calada. Afinal, como advertem os opressores: “boca fechada não entra mosquito”. Fomos orientados a calar, silenciar. Quando alguém ousa romper com esse estereótipo, ou seja, não silenciar espontaneamente, os repressores dão um jeitinho de silencia-lo. Sabe qual foi a estratégia dos governos do Rio e de São Paulo? Reduzir o preço das passagens, ou seja, retirar os 20 centavos. Pronto, resolvemos o problema. Agora podem ira pra casa, voltar ao labor diário. Sua reivindicação foi atendida! Se isso acontecer, então todos concluirão que tudo não passou de tempestade em copo d’água.

            Dentro dessa multidão que está na rua, existe um povo que faz jus ao ditado. Sua causa representa a Vox Dei. Eles têm sede e fome de justiça. Lutam para que seus semelhantes sejam tratados com dignidade por sua “Pátria Amada, Idolatrada...” Para que esta “Mãe Gentil” nunca serre os punhos quando os “Filhos desse solo” clamar por socorro. A voz que ecoa aos meus ouvidos é a de Joaquim Osório Duque Estrada quando magistralmente previu essas e tantas outras mobilizações da história do Brasil e falou dos Filhos à Mãe Gentil, garantindo-a que “um filho teu não foge a luta”.

Com isso, sou obrigado a concordar (anda que em parte) que, a “Voz do povo é a voz de Deus”.


 Wallace Gabriel






domingo, 16 de junho de 2013

SINTOMAS DE PARCIALIDADE

Praticamente todas as manhãs e ao fim da noite, além de meu momento devocional para reforçar minha fé, incluo em minha rotina uma varredura nas informações jornalísticas dos principais veículos de comunicação virtual do Estado e, em especial, das minhas duas cidades-mãe São Miguel e Campo Alegre.

O mundo esportivo, policial, político e tantos outros se socializam por meio de personagens que, por opção ou vocação, utilizam a arte da escrita (e imagens) para mostrar ao mundo o que ocorre em nossa terra.

Mas ai vem a pergunta, ao interesse de quem esse ou aquele site ou blog põe seus serviços? Da população, do executivo, da direita, da esquerda, pessoal... Esse talvez seja um dos principais questionamentos que o simples leitor deva fazer. Por exemplo, se em um site só encontramos críticas a um gestor público e, na mesma cidade, outro site só tece elogios e divulga apenas as realizações e nunca faz sequer uma crítica (nem que seja construtiva), subtende-se que exista algo incoerente entre os dois veículos de informação. Logo, somos induzidos a crer que um trabalha a favor da oposição e o outro da situação e nunca, repito, nunca em favor do jornalismo imparcial tão necessário nos tempos atuais.

“Quando é pra meter o pau, eu meto, mas também sei elogiar”, disse certo vereador na câmara municipal de São Miguel. Talvez seja isso que esteja faltando na maioria dessas revistas digitais nativas. Um pouco mais de respeito à comunidade, fidelidade na informação. Se isso não ocorre, temos um flagrante caso de total parcialidade, jornalismo tendencioso e leiloado pela maior oferta.


Wallace Gabriel